
A propósito, penso justificar-se a transcrição de um famoso texto de Natália Correia, com o qual, há 12 anos, verberou as posições ultramontanas do senhor João Morgado, então esclarecido deputado do CDS, o qual defendeu na câmara da república que o acto sexual só se justificava para a procriação:
Já que o Coito – diz o Morgado
Tem como fim cristalino
Preciso e imaculado
Fazer menina e menino,
E cada vez que o varão
Sexual petisco manduca
Temos na procriação
Prova que houve truca-truca.
Sendo pai de um só rebento
Lógica é a conclusão
De que o viril instrumento
Só usou – parca ração! –
Uma vez. E se a função
Faz o órgão – diz o ditado –
Consumada a operação
Ficou capado o Morgado.
Natália Correia, de verbo certeiro, no melhor da nossa tradição satírica.
- Um pároco da região de Viseu vem defender, sem medo às inquisitoriais excomunhões dos seus pares, o voto no SIM, no presente referendo sobre a despenalização da IVG. Pela dignidade da mulher, diz o padre. Aí, valente. Funda-se o prelado, nessa defesa, no texto dos textos: a Bíblia. Curiosamente, os defensores do NÃO afinam pela mesma prosa, em sentido inverso, claro.
Assim, a Bíblia ainda continua a ser a maior obra de ficção alguma vez produzida pelo génio humano.
José
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