Registos quase magnéticos sobre quase tudo, sem se dizer rigorosamente nada.
Nota: para todos aqueles que não comentem os posts, a tortura é serem obrigados a adquirir o livro "Desconstrutor de Neblinas", de Domingos Lobo, autografado pelo próprio.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

BOLSO ACIDENTADO

Estradas Perdidas

Os acidentes nas estradas portuguesas, que muitas vezes acontecem em zonas sem qualquer perigo e com condições de circulação ideais, sucedem-se e vão fazendo vítimas, umas mortais, outras que ficam com mazelas graves para toda a vida. Fazem-se cada vez mais operações stop para detecção de álcool e drogas nos condutores, bem como para controlar a velocidade, mas apesar do grande número de contra-ordenações, a maior parte cumpre as leis.

Continuam a escrever-se artigos inflamados sobre a mortalidade rodoviária e o Governo anuncia “mão ainda mais pesada” sobre qualquer uma destas infracções. Mas mantém-se, preguiçosamente, que os acidentes resultam do factor velocidade e do factor álcool/estupefacientes. Preguiçosamente, ainda ninguém considerou a hipótese de que, talvez, os acidentes nas estadas portuguesas se devam a duas causas bastante comuns: a inépcia e a falta crónica de civismo.
Tirar a carta, mesmo que seja à oitava tentativa no código e à terceira na condução, é muito fácil. Mas apesar de se superar, com mais ou menos brio, os exames de condução, nem toda a gente está habilitada a conduzir um carro, até porque estacionar de marcha atrás e não ultrapassar o limite de velocidade nas localidades não prepara ninguém para se sentar conscientemente ao volante de um carro. E isto é de facto uma evidência, mas que é terminantemente recusada, justificando-se o grande número de sinistros nas estradas portuguesas sempre com causas externas, e quando não as há, remete-se invariavelmente para o excesso de velocidade.
Como a má condução e a falta de civismo não constituem infracções, os acidentes sucedem-se e as vítimas aumentam. E quando o causador do acidente se “safa” com pequenas escoriações, mas a sua manobra insensata mata um e deixa outro de cadeira de rodas para o resto da vida, o que é que lhe acontece; nada!
As estradas portuguesas estão cheias de condutores que causaram acidentes e mortes por inépcia ou falta de civismo e que continuam tranquilamente a conduzir. Talvez fosse importante repensar alguns aspectos do código da estrada, para que não se tire a carta a quem estacionou em cima do passeio ou foi apanhado a 160 km hora numa auto-estrada deserta; para que não se continue a deixar conduzir quem já provocou acidentes com mortos e feridos, sem contudo ter cometido nenhuma infracção. Talvez o primeiro passo fosse retirar das estradas os condutores perigosos e sem perfil psicológico para estarem ao volante, em vez da caça à multa, que tanto dinheiro dá à polícia e ao Ministério das Finanças.

Pedro

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

EDUCAÇÃO DE BOLSO


Carta Aberta à Sr.ª Ministra da Educação


Cara Maria de Lurdes
Ainda sou do tempo em que o primeiro ano se chamava primeira classe e em que eram os professores a bater nos alunos, quando estes se portavam mal, claro, com uma cana da índia que religiosamente guardavam junto ao quadro preto. Estou velho, portanto. Mas apesar do meu tempo já lá ir bastante longe, decidi congratulá-la pela diminuição em vinte e dois por cento do insucesso escolar. É motivo de celebração, ou não? Se fosse eu, convidava os meus amigos todos, abria uma data de “pêras mancas” e bebíamos até cair para o lado.

Ainda assim, e desculpe acabar-lhe com a animação, esses números podem ser amplamente melhorados. Basta introduzir novos métodos de avaliação. Com tudo o que a caríssima tem feito, se o que lhe vou explanar a seguir for por si equacionado e adoptado para o sistema de ensino, já ninguém se irá admirar nem tão pouco contestar. Da maneira que as coisas estão, já nada espantará.
Uma forma de aumentar o sucesso escolar é acabar com a retenção ou chumbo por faltas, como também por notas ou qualquer outro caso, isto é, um aluno jamais chumbará, a menos que mate um professor. Mas ainda há mais. Repare no seguinte, um aluno que está, por exemplo, no 7º Ano de escolaridade, se for a mais de 20 aulas por disciplina pode passar logo para o 8º ou até mesmo para o 9º Ano, isto porque sabe tanto ou mais que um que lá chega atravessando todas as etapas escolares.
Este método pedagógico pode também contemplar que, um aluno do 5º ano que não falte em nenhum dos três períodos e que tenha aproveitamento para passar para o 6º, possa ficar imediatamente com a conclusão do 9º Ano e pronto para entrar no Ensino Secundário. Não será diferente de dar o 9º Ano a quem dá erros ortográficos grosseiros, não sabe a tabuada nem a raiz quadrada de 12. Até porque os miúdos de 10 anos hoje sabem tantas coisas e bem mais que alguns adultos, uns com cursos superiores.
Hoje o que interessa não é o conhecimento, mas sim a aprendizagem e o “marranço”. Bem sei que de facto os alunos avançariam de ano sem saber nada de útil, mas minha cara Ministra, não é verdade que se não tivermos de provar os conhecimentos, todos nós somos especialistas em tudo e mais alguma coisa?
Que me diz a isto? Brilhante, não? Pense neste meu singelo e indubitável contributo para a beneficiação da Educação portuguesa. Estou convencido que resultará na perfeição.
Os meus melhores cumprimentos
Pedro