Registos quase magnéticos sobre quase tudo, sem se dizer rigorosamente nada.
Nota: para todos aqueles que não comentem os posts, a tortura é serem obrigados a adquirir o livro "Desconstrutor de Neblinas", de Domingos Lobo, autografado pelo próprio.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

TASCA VITRUVIANO


O Vosso tanque General, é um carro forte
Derruba uma floresta esmaga cem Homens,
Mas tem um defeito
- Precisa de um motorista
O vosso bombardeiro, general
É poderoso:Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante
Mas tem um defeito
- Precisa de um piloto.
O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar

Bertold Brecht

terça-feira, 28 de agosto de 2007

BOLSO TINGIDO

Surto de gripe das aves com fim à vista?

A saída de Fernando Santos do comando técnico do Benfica foi um momento de júbilo para sócios e simpatizantes do clube. O chamado engenheiro do penta, mais não fez do que conduzir sofrivelmente o clube de coração de milhões de portugueses, numa época de altos e baixos; mais baixos que altos; onde só por duas vezes se conseguiu ver o glorioso jogar futebol de qualidade – no jogo de apresentação aos sócios em Agosto do ano passado e no jogo com o Boavista no estádio da Luz.
Um losângulo invertido com dois médios defensivos onde um deambulava ora pela direita, ora pela esquerda, uma equipa acanhada que não procurava os espaços e só corria, pouco, quando tinha a bola nos pés. Uma equipa que nunca se estendeu no terreno, que nunca jogou pelas alas, apesar do mago Simão ser um dos melhores do mundo a jogar nesse sistema de ataque. Um fraco Benfica, que durante um ano nunca se assumiu como colectivo/equipa, pois o comandante da nau mais não sabia para bolinar. Havia que perceber quais os jogadores à disposição para depois tentar formar uma equipa. Fernando Santos nunca o conseguiu e, teimosamente, bateu sempre na mesma tecla, o que acabou por lhe ser “fatal”.
Tudo o resto pode não estar certo, que não está, mas a saída de Santos já veio tarde.
Com Camacho; que não faz milagres; o Benfica vai certamente assumir-se como equipa de ataque e, seguindo os que julgam perceber muito de futebol, irá jogar um futebol mais apelativo e espectacular. O balneário das águias terá mais saúde, uma maior consistência e cumplicidade, pois nisso Camacho ganha aos pontos a Santos. O factor psicológico dos jogadores é de grande importância para a fluência do futebol à flor da relva e nisso, Camacho “sabe da poda”.

Pedro

terça-feira, 21 de agosto de 2007

BOLSA CULTURAL



Águas de Agosto

ESTADO DE (DES)GRAÇA


Vivemos tempos perniciosos, confusos, perturbadores. Começamos, porque a globalização capitalista nos exige, a aprender novas línguas, inglesismos rafeiros quase desde o berço, porque a concorrência, o mercado, o Sócrates exigem. Vivemos realidades novas e bárbaras que aceleram, quase até ao absurdo, a nossa desumanização. O capital precisa de máquinas acéfalas não de massa crítica: para isso existem as elites, os berardos (não se riam), o mota, os belmiro, a Ópus Die e toda a tralha seguidista e bajolante.
Não nos basta já que as máquinas nos devolvam, fria e despudoradamente, a noção trágica da nossa pequenez, da nossa insignificância intelectual, que as máquinas nos reduzam a meros artífices de uma realidade tecnológica que nos ultrapassa e, tal como no Admirável Mundo Novo, nos controlará num futuro cada vez mais próximo e assustador: os pequenos títeres deste nosso estreito e misérrimo país, começam também a querer controlar-nos a vidinha, a vigiá-la para melhor nos dominarem. Começam a filmar-nos em lojecas, bancos e nas avenidas das nossas desesperadas cidades (com o pretexto de nos protegerem e quiçá, nos salvarem) para mais facilmente nos apanharem se, por acaso, nos rebelarmos contra o sistema mais do que ele, em sua generosidade democrática, permite.
Vivemos hoje o efémero, o precário, o desabitar dos hábitos, das culturas que nos fundam e das convicções morais e cívicas. Vivemos um tempo de fugas, de instintos cegos e selvagens, do salve-se quem puder, de quotidianos cinzentos, desapossados de sonhos e de esperança regeneradora. Nesta voragem, todos os atropelos são, aparentemente, legítimos, toda a dignidade ultrapassável, toda a ideologia uma utopia de ingénuos, “restos do marxismo que apodrecem no meio de nós”, como o designa esse “fóssil” da direita mais rafeira e ressabiada que é Vasco Pulido Valente.
O romantismo (que com este nosso século conviveu até tarde, pelo menos até aos alvores do “modernismo marineteano”) era a perenidade dos sentimentos e das acções apaixonadas. Amava-se com o corpo a pulsar inteiro, sonhava-se o devir, o homem novo e liberto, um mundo sem senhores nem escravos – livre de exploradores e explorados, pois claro. Utopias, ranço marxista, dirá o “lúcido” ideólogo Pulido. No entanto, tempos generosos, ingénuos talvez, mais sentidos do que pensados (mas os anti-decarteanos não defendem que toda a acção é sentido antes de ser pensada?) mas de avanços iniludíveis para o homem e a sua condição.
Depois dos muros que tombaram, os sentimentos passaram a ser esdrúxulos, os movimentos e as ideias deixaram de ser “sequer a sombra do romantismo ao meio-dia”, como diria o Pessoa. Chegaram os Busch e acólitos, a História, dizem, esboroou-se no estertor das “torres gémeas”, as ideologias passaram a velharias de pataco. Ficamos sós, entregues à voragem dos Financial Times, do PSI 20, do Diário Económico, do Pentágono, dos critérios nominais, da moeda única, do pensamento único. O yupismo saloio, apressado e redutor do cavaquismo, caiu sem dor aparente, desmoronando-se sem dor nem glória face ao serôdio guterrismo, velho à nascença, que durou um Verão e nos deixou nos braços rapaces da direita folclórica e espertota, a servir de mordomo e tapete ao imperialismo e a desembarcar ufano nos salões de Bruxelas. Depois das santanices anedóticas de passagem, eis-nos chegados, como de resto merecíamos, esplendor do xuxialismo socrático. E é bem feito. Um Estado de (des)Graça que os deuses, sempre atentos a este cadinho de mar com terra à vista, nos destinaram para expiação de inenarráveis pecados: é bem feito!



UM LIVRO

ALEXANDRE O’NEIIL – UMA BIOGRAFIA LITERÁRIA


Maria Antónia Oliveira traça, nesta biografia do grande poeta de No Reino da Dinamarca, o retrato impressivo de um tempo português singular e das gerações literárias, artísticas e da esturdia de uma Lisboa remansada mas viva, que o sentiram e, mesmo agrilhoados, o imaginaram e mitificaram.
Lê-se de um fôlego, como se de um romance se tratasse. Um grande livro





UM POEMA

Caixadòclos


- Patriazinha iletrada, que sabes tu de mim?
- Que és o esticalarica que se vê.

- Público em geral, acaso o meu nome...

- Vaio mas é vender banha de cobra!

- Lisboa, meu berço, tu que me conheces...

- Este é dos que fal sozinhos na rua...

- Campdórique, então, não dizes nada?

- Ai tão silvatávares que ele vem hoje!

- Rua do Jasmim, anda, diz que sim!

- É o do terceiro, nunca tem dinheiro...

- Ó Gaspar Simões, conte-lhe Você...

- Dos dois ou três nomes que o surrealismo...

- Ah, agora sim, fazem justiça!

- Olha o caixadóclos todo satisfeito

A ler as notícias...

Alexandre O’Neill – FEIRA CABISBAIXA, 1965



UM FILME

CORAÇÃO BRANCO, CORAÇÃO NEGRO, de Clint Eastwood


Eastewood é John Wilson, um cineasta inteligente e inspirado – baseado na figuar do lendário John Huston – que está decidido a transformar o seu próximo filme, a ser rodado em África, numa aventura pessoal; uma caça ao elefante. Jeff Fahey, Marisa Berenson e George Dzundza encarnam algumas das personagens que o acompanham nesta atribulada e excitante aventura ao coração continente negro. Uma história memorável com um guião da co-autoria de Peter Viertel, que colaborou intimamente com Houston na rodagem de “A Rainha Africana”, em 1950.
José

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

JUDICIÁRIA DE BOLSO

Voltámos a ter o caso do desaparecimento da pequena inglesa a fazer manchetes dos periódicos e a abrir os noticiários das televisões portuguesas. Agora fala-se que Maddie pode estar morta, na sequência de um acidente que se imputa aos pais. A Judiciária não diz nada e bem, mas especula-se um pouco por todo o mundo. Os ingleses criticam, mas podiam olhar para dentro e fazer a conta de quantas crianças a polícia britânica conseguiu resgatar em situações semelhantes.
Não consigo conceber que a memória selectiva dos pais tenha construído uma farsa mental para esconder a dor da morte da filha. É um pouco absurdo ouvir isso na televisão. Se existem casos destes são desvendados rapidamente. Aqui, já lá vão 3 meses e a dor é visível na cara dos progenitores. E não é uma dor de perda total, é sim uma dor de quem não sabe nada sobre um filho, menor e indefeso. É pior não se saber de alguém, que chorar a sua perda...
A Judiciária é, ainda, considerada como uma das melhores polícias de investigação do mundo (e recursos técnicos são mínimos). Neste momento estão a ser "observados" meticulosamente pelos olhos de meio mundo e não podem "ficar mal na fotografia". Aguardemos, porque a verdade virá ao de cima.


Pedro

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

FESTA NO BOLSO (hoje um tema muito "caseiro")

Hoje é dia de Festa. É Agosto e os emigrantes voltam a Benavente para mais uma edição da Festa religiosa em honra de n. Sr.ª da Paz. Largadas de toiros, espectáculos musicais, quermesse, fogo de artifício (e sem este não há festa); enfim, até dia 07 não há um dia sem animação nesta pacata vila. É tempo de férias, de calor, e aí está a Festa. Valha-nos isso, para momentâneamente nos esquercermos das agruras do dia a dia e do estado sitiado do país. Valha-nos isso, porque os arraiais se repetem por todo o país neste "querido mês de Agosto" e a "malta" quer é festas... e "copos", porque "tristezas não pagam dívidas".

Pedro