Registos quase magnéticos sobre quase tudo, sem se dizer rigorosamente nada.
Nota: para todos aqueles que não comentem os posts, a tortura é serem obrigados a adquirir o livro "Desconstrutor de Neblinas", de Domingos Lobo, autografado pelo próprio.

sábado, 7 de março de 2009

SALAZAR DE BOLSO

António de Oliveira Bond

A SIC mostrou aos portugueses, numa mini série de dois episódios, Salazar como nunca ninguém o viu. Uma alusão à vida íntima do homem que governou o país em ditadura durante quase quarenta anos. Um Salazar muito dado aos prazeres carnais com as mulheres, num mundo que, ao que a SIC fez constar, foi sempre encoberto pelo próprio e pelo regime que liderava.

Foi com relativa atenção e curiosidade que segui os dois episódios que a estação de Carnaxide passou em horário nobre. Mas foi com grande espanto que, na versão SIC do “botas”, constatei que o homem era afinal um “Don Juan”. Aliás, para mim, que segui a versão SIC da vida íntima do ditador, o nome apropriado que me ocorreu chamar-lhe foi - Salazar, António de Oliveira Salazar – exactamente! O nosso James Bond! Até porque com a personificação do “botas de Santa Comba” feita pelo Diogo Morgado, o senhor ficou mais afável e com melhor aspecto (quem viu os dois episódios até ficou com pena do “troca tintas” ter morrido), daí que o seu “sex appeal” fosse assim tão apreciado pelas senhoras.
No entanto ficou a perceber-se porque é que o ex-presidente do conselho era tão amargo, ou não tivesse o “botas” ficado perdido de amores pela única mulher que não conseguiu, vá lá, acarinhar... Porque de resto, mais nenhuma escapou aos encantos do António de Oliveira, um verdadeiro Bond. Julgo até que Ian Fleming, um espião que esteve alguns tempos em Lisboa em missões durante a Segunda Guerra Mundial e foi na sua própria experiência que se baseou para criar James Bond, deve ter tido conhecimento da vida íntima do “botas” e adaptou-a ao agente secreto mais famoso do mundo. É uma analogia natural que faço, depois de ter visto a série da SIC. E por isso, de cada vez que assistir a filmes do Bond, vou tentar encontrar semelhanças com Salazar.
Num ano como o que atravessamos, com uma crise mundial sem precedentes, e mais internamente com eleições europeias, autárquicas e legislativas, aquilo que se pede é que haja discernimento para saber o que foi o Portugal de Salazar e o que é o Portugal de hoje, apesar da televisão já várias vezes ter passado uma mensagem contrária. Porque em tempos de crise, diz a história, o povo agarra-se a qualquer salvador que por aí apareça e isso nem sempre foi a melhor solução.

Pedro