Registos quase magnéticos sobre quase tudo, sem se dizer rigorosamente nada.
Nota: para todos aqueles que não comentem os posts, a tortura é serem obrigados a adquirir o livro "Desconstrutor de Neblinas", de Domingos Lobo, autografado pelo próprio.

terça-feira, 3 de abril de 2007

HERÓIS DE BOLSO

Caro Rui, os heróis foram sempre ao longo da história, e não apenas da nossa, circunstanciais. A heroicidade não é uma qualidade intrínseca ao ser humano, é uma condição limite e circunstancial. O que fica, o que preenche e ramifica no imaginário dos povos, é o que sobre essas circunstâncias extraordinárias, ou autores, com o seu génio criativo e visionário, delas nos dizem. A carta de Pêro Vaz de Caminha, os Sermões de António Vieira, a revolução de 1383 de Fernão Lopes. Se estes testemunhos não tivessem chegado, como chegaram, aos nossos dias, o que saberíamos nós da viagem de Vasco da Gama, da colonização e evangelização do Brasil, e da luta heróica de um punhado de portugueses para se manterem livres do jugo espanhol? Por isso, meu caro, para haver notícia, é preciso haver mensageiro. Sem o mensageiro, não há notícia.
Meu caro Rui, atassalha-nos o facto de preferir o telejornal à telenovela, coisas que nem se deviam comparar tal a semelhança entre ambas. Hoje, meu caro, é preferível um bom livro, de ficção ou de factos históricos pintalgados com umas narrações desveladas pela ideia do autor. Os telejornais assemelham-se a novelas, de cordel, contadas por noveleiros que não sabem sequer o que é um incunábulo. Os telejornais, caro Rui, são cada vez mais números de circo, comandados por uma voz una e indivisível, que atrás do pano, grita cuidado, sempre que o share começa a descer, ou sempre que o sangue tão ansiado, começa a escassear, ou quando um assessor do primeiro ministro telefona para a redacção: a realidade, hoje, é virtual, ou seja, sem virtude nenhuma.
Caro Rui, leia mais, e não seja crente, demais, nesses noveleiros que dançam ao som da música que melhor lhes toca, comandados por administrações que também dançam, sempre que o poder muda.

Pedro e José

1 comentário:

Anónimo disse...

Meus caros, depreendo de que não me conhecem muito bem, pois apesar do ritmo diário acelarado que tenho encontro sempre tempo para um bom livro, estando neste momento lendo a vossa sugestão de Fernando Dacosta, "Máscaras de Salazar". No entanto, fico em parte preocupado, quando um jornalista, como é o caso do meu amigo Pedro, diz em voz alta de que devemos esquecer e fazer ouvidos de mercador aos telejornais pois são comandados por uma voz atrás dos panos.
Se assim é, fico extremamente desiludido, pois o que me leva a pensar de que a censura ainda está presente nos dias de hoje.
Apesar disto, deixem que vos diga que vos compreendo claramente, que nem sempre é possivel ser-se imparcial e a prova disso são estas nossas conversas de algibeira, onde apesar de tudo as nossas tendências politicas ou de outro qualquer ramo, insistem em se revelar nos nossos discursos, apesar de desimuladas(umas mais do que outras).
Quanto ao incunábulo, deixem que vos diga, que não basta ler um, temos de o interpretar e compreender, e aí que que temos um problema, pois cada um de nós faz a sua interpretação. Além disto temos bons uncunábulos escritos por jornalistas.
Como disse Matthew Arnold, "O jornalismo é uma literatura apressada", pois bem, sejam imparciais.
Lembro-vos que o jornalismo sempre teve um enorme poder, sobre o povo, pois já Napoleão disse, "O canhão matou o feudalismo; a tinta matará a sociedade moderna".
Ora vejamos, um jornalista pega numa frase dita, sem qualquer maldade e poderá transformá-la numa que moverá multidões contra alguém ou contra algo.
Pois bem, meus caros, está apenas nas vossas mãos conquistar a confiança das pessoas. Mas não se esqueçam de algo a confiança é como um precipício, custa muita a atingí-la mas rapidamente se perde.
Quanto a ser crente deixem que vos relembre de algo que escrevi num outro comentário, de que eu sou racionalista e de que para algo me convencer tenho de ter provas. Se realmente fosse um crente não estaria aqui a refutar algumas das coisas que dizem e acataria em como todas elas seriam verdade.

Meus caros deixo-vos com uma citação de de Confúcio sendo ela a seguinte: "Ler sem pensar desordena a mente. Pensar sem ler torna-nos desequilibrados".

Rui