Registos quase magnéticos sobre quase tudo, sem se dizer rigorosamente nada.
Nota: para todos aqueles que não comentem os posts, a tortura é serem obrigados a adquirir o livro "Desconstrutor de Neblinas", de Domingos Lobo, autografado pelo próprio.

quarta-feira, 28 de março de 2007

RESPOSTA DE BOLSO


Eu sou português, aqui...

Caro Rui, sempre que nos zangamos com a pátria que nos viu nascer, temos tendência a exorbitar. De certo que não levou à letra a boutade de querermos ser espanhóis. Como sabe, e está nos textos, limitámo-nos a transcrever uma passagem de um texto de Almada Negreiros, sobre o escritor Júlio Dantas. É evidente, que um país que vota maioritariamente num ditador que nos deixou, face à Europa, com os atrasos estruturais e culturais conhecidos; que ainda hoje são bem visíveis e nos causam engulhos e constrangimentos de variadíssima ordem face aos nossos parceiros comunitários; não nos poderia merecer outra reacção que não a do desejo, mais que natural, da fuga imediata para espaços mais arejados.
A rejeição, como bem o entendeu Eduardo Lourenço, nasce do sentido de justiça que cada cidadão tem em relação ao rumo que a sua pátria exibe. E, no caso concreto do “botas” de Santa Comba, a reacção de rejeição não é só desse modelo autoritário de fazer política, mas de tudo o que ele consubstanciou: o atraso cultural e económico, o obscurantismo e a miséria generalizadas.
Caro Rui, acaso pensou que se não tivéssemos a desdita de dois ditadores a governar-nos durante perto de 50 anos (uma vida, portanto) se ao invés de Salazar/Caetano tivéssemos outro tipo de gente mais limpa e decente a governar-nos, o país hoje seria outro e, assaz, diferente? Para juntar alguns números, que são sempre indicadores importantes nestas coisas, sempre lhe diremos, que até 1950, só metade dos portugueses tinham a quarta classe e que no espaço que habitamos (o Ribatejo), existiam, em todo o distrito de Santarém, apenas três escolas secundárias públicas. E hoje meu caro Rui, existe pelo menos uma em cada concelho. Significativo, não lhe parece?
Para terminar, sempre lhe diremos, que consideramos muito estimulante que nos leia e dessa leitura, nos dê o seu parecer. A conjugação dos contrários, é dialéctica e estimulante para uma sociedade democrática e progressista, como a que se conquistou há 33 anos atrás. Democracia que permitiu, a um ditador que nunca foi a votos, ser eleito “o melhor português”. A história, por vezes, tem destas ironias.

Abraços

Pedro e José

1 comentário:

Anónimo disse...

Estimados, permitam-me que vos lembre de um velho ideal da Marinha (não fossemos nós um país de marinheiros), de que o comandante é sempre o ultimo a abandonar o navio. Pois bem o comandante do navio chamado Portugal, somos todos nós cidadãos. Posto esse que nos foi entregue pelos Soldados de Abril. E acentuo este ponto. Não foram os politicos que fizeram a revolução, foram os soldados e o povo, tendo sido talvez os mais beneficiados, a classe politica.
Meus senhores não podemos viver apenas com valores do passado mas sim pensar no futuro. O passado apenas serve para recordar e aprender com os erros para melhorar o futuro.
Como dizeram e muito bem em 1950 apenas metade dos portugueses, mas essa quarta classe tinha muito mais conteudo do que aquilo que se aprende hoje em dia, levando-me a pensar que talvez nem tudo estivesse mal nesses tempos. Até porque nesse tempo, muitos dos pais nem sequer tinham interesse em mandar os filhos para a escola.
Rejeitar uma escolha feita por portugueses e pelos portugueses é algo totalmente inconcebivel, pois tal como se faz ás crinças, temos de cair para perceber como levantar.
Não nos podemos esquecer de que não devemos mandar pedras aos telhados dos vizinhos pois todos nós temos telhados de vidro, assim como qualquer uma das personagens desse mediatico concurso.
Sobre a vossa pergunta sobre "se" tivessemos sido governados por outras figuras mais limpas e decentes, apenas vos digo que não sei nem os senhores saberão, pois actualmente temos, apararentemente, figuras mais limpas e decentes no poder, mas ainda somos forçados, quase de uma ditatorial, a aceitar decisões do poder politico, citando apenas um exemplo do aeroporto da Ota, que apesar de um pretenso pantano, será lá que teremos o maior aeroporto do país. Comprensivel, pois será aí que veremos durante muito tempo os fundos deste país a afundarem-se apenas para satisfazer um "bate pé" do poder politico.
Não meus senhores, não perderei o meu sono pelo facto de Salazar ser o maior português de sempre. Perderei o sono quando Portugal esquecer Salazar e permitir que tenhamos um novo, mas devidamente nomeado pelas regras da Republica.
Isto porque meus amigos, o que muitos do actuais politicos eleitos se esquecem é de que quem lá os coloca no topo para "brincar" são os portugueses.
Para mim o maior português de sempre não é Alvaro Cunhal, Salazar, D. João II ou Marquês de Pombal, mas sim o "Zé Povinho" e esse é intemporal.
Folgo por mais temas, talvez mais mediáticos e controversos


Rui