Registos quase magnéticos sobre quase tudo, sem se dizer rigorosamente nada.
Nota: para todos aqueles que não comentem os posts, a tortura é serem obrigados a adquirir o livro "Desconstrutor de Neblinas", de Domingos Lobo, autografado pelo próprio.

segunda-feira, 26 de março de 2007

CEMITÉRIO DE BOLSO

Isto cheira a mortos

Um ditador fascista, que ao longo dos 48 anos em que desgovernou este país, nunca permitiu que o povo português votasse em eleições livres e dignas desse nome, acaba, por ironia dos condicionalismos históricos que vivemos e pela imposição do marketing televisivo, votado e considerado, com maioria esmagadora, o maior “português”.
Dando de barato que o Portugal das trevas, cinzento e conservador, vivendo ainda no obscurantismo lorpa que o fascismo santacombandense nos impôs durante 5 décadas, se quis mostrar, fazer brilharete, ufano e trauliteiro (já exibiu as garras a favor de um museu – altar do ditador), pela voz tonitruante de Jaime Silva Pinto (sim, sim, o digníssimo esposo da senhora que levou uns bananos numa cena de boxe promovida por uma agremiação de bétinhos chamada CDS – PP) e que esse mostrar-se é toque de finados por ruim defunto e sequazes, não deixa de ser preocupante que das brumas ressurja essa sinistra figura, erigida agora em grande “Português”.
Fernando Pessoa escreveu algures que a LIBERDADE começa no momento em que deixamos de ser “súbditos de nós – mesmos”. Um povo que gosta de ter amos, que tem medo da sua liberdade, de conduzir e delinear o seu próprio destino autónoma e livremente, sem precisar de chefes, patronos, nem salvadores da pátria, que precisa desenterrar das brumas mais ingentes da nossa memória colectiva os seu próprios fantasmas, é um povo sem rumo, sem dignidade, sem futuro. É um povo que merece esta penumbra, esta mediocridade, este pesadelo que se chamou Salazar e que hoje, 33 anos volvidos sobre uma manhã libertadora de Abril, regressa como herói mediático.
Maria Elisa, Jaime Nogueira Pinto, Sócrates, e a TV do Estado, que todos nós pagamos, rejubilam: finalmente conseguiram continuar a tarefa que o ditador nos impôs durante 50 anos – deseducar-nos, obscurecer-nos, torpedear-nos. E essa tristeza vil começa, e eles sabem-no, quando nos deseducam a memória.
Parafraseando Almada Negreiros, sempre te direi Pedro, que se o Salazar é português (e o maior!!!!!!!!!) eu quero ser espanhol ou galego, tanto faz. Fujamos, este lugar mal frequentado tresanda a necrotério!

José

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