Registos quase magnéticos sobre quase tudo, sem se dizer rigorosamente nada.
Nota: para todos aqueles que não comentem os posts, a tortura é serem obrigados a adquirir o livro "Desconstrutor de Neblinas", de Domingos Lobo, autografado pelo próprio.

quinta-feira, 29 de março de 2007

BOLSO RESTANTE


Caro Rui, em duas ou três coisas estamos, também os três de acordo. Primeiro: ninguém desiste do país onde nasceu, mesmo que os marinheiros que foram à descoberta fugissem, sobretudo, da fome e essa deriva não tivesse motivações mais amplas e, quiçá, de difusão da fé ou outras tretas do humanismo ocidental. Era a fome, e pronto! Como os nossos emigrantes que nos anos 50 do século XX partiram a salto para Franças e araganças, o fizeram igualmente acossados pela miséria. Somos, desde o século XV, uma pátria de errâncias, que sempre viveu de costas para o seu rectângulo natal. No entanto, masoquistas que somos, gostamos disto. Quanto mais não seja, para nele morrermos.
Segundo: em relação a Salazar e ao seu património político, recomendamos-lhe a leitura de um livro interessante e incontornável, sobre o personagem – “As máscaras de Salazar” de Fernando Dacosta. Terceiro: estamos de acordo consigo quanto à OTA. A coisa cheira realmente a esturro e parece-nos um pântano em que o país se vai, mais uma vez, deixar afundar. Pergunta-se, que obscuros interesses levarão Sócrates e companhia a defender, mesmo perante alguns estudos que anunciam a catástrofe, com unhas, dentes e o nosso dinheirinho, tal opção. Tal como Sócrates nos escondeu durante todos estes anos as suas aptidões académicas, será que a OTA não fará parte de um processo idêntico de escamoteação e vergonhosa fraude? Se calhar, só depois da obra concluída e dos milhões enterrados no projecto é que ficaremos a saber. Até lá, esperemos que o Sócrates caia, não é preciso ser da cadeira, como o outro, mas só assim o rumo dos aviões pode levar outro corredor aéreo.
Ainda sobre Salazar, recomendamos-lhe a leitura das “cartas ao director”, no jornal Público de hoje, 29 de Março.

post scriptum – sei que a luta de dois para um lhe é considerada injusta, mas não há nada a fazer. Somos um coro!

Um abraço

José e Pedro

1 comentário:

Anónimo disse...

Meus caros, como diria uma grande amigo meu, quem me conhece sabe que eu para aceitar algo, tenho de ter provas disso mesmo. A isto chama-se pensamento racionalista.
Nos dias de hoje e na sociedade em que vivemos temos de cada vez mais deixar o senso comum de parte e adoptar o racionalismo, pois precisamos de provas para tudo inclusive da morte.
Ora analisando desta forma racional, acho inconcebivel poderem afirmar de que os marinheiros descobridores sairam na sua aventura que se chamou descobrimentos, pelo simples facto de tentarem fugir á fome e miseria. Isso é rebaixar talvez o momento mais glorioso de Portugal.
E agora, como diz o povo, deixem que vos diga que em alguns casos, nos faz falta Salazar e a sua censura. Ora vejamos se na altura de Salazar, alguma vez era permitido que fosse emitido em horario nobre, mulheres que são colocadas estrategicamente sentadas em cima de uma mesa, com trajes reduzidas, fazendo figura de tolas, assassinando por completo a cultura geral.
Citando Alfred Hitchcok, "A televisão fez muito pela psiquiatria: não só difundiu a sua existência mas também contribuiu para a tornar necessária". Aproveitando esta citação, digo-vos que se alguém me tenta-se torturar seria apenas necessário obrigar-me a assistir a um programa inteiro da "Bela e o Mestre".
Estas mulheres deviam de ler algo mais do que as revista de moda,banda desenhada ou ver televisão, de forma a não serem tão burras. Aproveito mais uma citação, desta vez por Jonh Irving: " Onde funciona um televisor há alguém que não está a ler".
Mais uma vez vos digo que não perco o sono, por Salazar ter sido eleito o maior português de sempre, seria pior se tivesse sido o famoso Zé Maria do Big Brother, pois estas são as personagens que grande parte dos portugueses conhecem.
Mas, meus caros, já Tácito disse, "Perseguir um escritor é aumentar o seu prestígio". Pois bem o mesmo se aplica a Salazar.
Jornalismo, continuem ....
Finalmente sobre Salazar,digo-vos que a historia é apenas escrita pelos vencedores e nunca pelos derrotados.


Rui

P.S. - Meu caro Pedro, em resposta, lhe digo, que é mais facil protegermo-nos de um inimigo que de um amigo.