Registos quase magnéticos sobre quase tudo, sem se dizer rigorosamente nada.
Nota: para todos aqueles que não comentem os posts, a tortura é serem obrigados a adquirir o livro "Desconstrutor de Neblinas", de Domingos Lobo, autografado pelo próprio.

segunda-feira, 5 de março de 2007

BOLSO À DIREITA

A COMUNICAÇÃO SOCIAL TEM DONO

A Censura foi, aparentemente abolida, enquanto instituição vigiada e tutelada pelo Estado, após Abril de 1974. Um formalismo, como outros que se lhe seguiram: Liberdade, a Democracia, o Parlamentarismo, etc.
Cedo o Capital, com os diversos governos a servirem-no na peugada estratégica, entenderam que para os seus lautos interesses (e aqui o adjectivo lauto deve ser entendido nas suas vertentes mais amplas) necessário se tornava apossarem-se dos média que o poder, sempre cúmplice da ganância capitalista, punha ao seu dispor.
Cavaco Silva, esse arauto impoluto do liberalismo mais serôdio, escancarou o baú e entregou à gula do capital 2 canais de televisão 2, uma enormidade de espaço hertziano e alguns jornais.
O velho jornalismo, o que se fazia em defesa de ideais e de valores, ia sendo paulatinamente relegado para o sótão dos trastes inúteis, arrumadinhos nas redacções no mais soturno dos cantos, nos arquivos, ou pendurados na prateleira junto às embalagens de naftalina, à espera da reforma ou da morte (e esta última vinha mais a carácter) porque para além da poupança óbvia, sempre impedia esses jurássicos de algum atrevimento menos conforme com os novos desígnios. Entretanto, as diversas universidades abrem cursos de jornalismo a torto e a direito(a) (oh Deuses, como polulam, como venenosos cogumelos, os cursos de jornalismo em tudo o que é privada – tanto nas que apenas servem para lavagem de várias coisas, cérebros inclusive, até as que visam o lucro rápido e com o apoio dessa estranha coisa a que se chamou projecto de Bolonha).
Neste espaço armadilhado, o jornalismo crítico e independente deixou de ter lugar. Prova disso vem no jornal público de 02 de Março, na coluna “sobe e desce”, na qual o escriba de serviço (M.C.) faz apreciação crítica de posições tomadas por Fernando Rosas em relação à Opa que pôs em confronto os interesses de Belmiro de Azevedo (dono do jornal Público) e a Portugal Telecom. Fernando Rosas limitava-se, em artigo de opinião, a defender os interesses mais amplos de todos nós e a rejeitar, naturalmente, o chico-espertismo do grande capital. Tanto bastou para que o escriba usasse contra Rosas toda a artilharia pesada, chamando-lhe “defensor da economia planificada da URSS” e, até, “estalinista”. Logo o Rosas, coitado, que nem sequer trostkista é. Vale tudo para defender o tacho!
Ainda sobre a OPA e os mecanismos de informação “independente” do nossos média de referência, analisem a primeira página do Público de 3 de Março, após a derrota da estratégia de Belmiro e Cia – um mimo!
Liberdade de imprensa, em Portugal? Bah!

José

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