Registos quase magnéticos sobre quase tudo, sem se dizer rigorosamente nada.
Nota: para todos aqueles que não comentem os posts, a tortura é serem obrigados a adquirir o livro "Desconstrutor de Neblinas", de Domingos Lobo, autografado pelo próprio.

quinta-feira, 6 de março de 2008

MIGALHAS NOS BOLSOS


O aumento do pão

Nos últimos tempos os produtos alimentares têm vindo a sofrer fortes aumentos. Das várias razões que se apontam para esta situação, o facto do solo agrário estar em acentuada diminuição um pouco por todo o mundo é a que acaba por ganhar maior expressão. Ao solo, base da floresta e da agricultura, “exige-se” agora que produza não só os alimentos, mas também as matérias-primas para os biocombustíveis.

No mundo, a área de solo para agricultura e a sua relação por pessoa tem-se reduzido em larga escala. Engenheiros agrónomos sustentam que, só em Portugal, a Superfície Agrícola Utilizada diminuiu 1,77 milhões de hectares desde 1956 (em oito anos, a Superfície Agrícola Utilizada em Portugal baixou em 5,1%, enquanto que na UE foi apenas de 1,9%). Na China, por exemplo, a cremação de cadáveres começa a ser obrigatória um pouco por todas as províncias, isto para que os mortos não ocupem a terra que faz falta para alimentar todos os que estão vivos.
Em Portugal, a diminuição da Superfície Agrícola Utilizada tem ficado a dever-se, em parte, à expansão exagerada e descontrolada das construções, com Planos Directores Municipais concebidos para uma população quatro vezes superior à existente. Perante isto parece evidente que muita da preservação dos solos passaria por um plano de reabilitação dos prédios urbanos existentes, reduzindo a construção de novas habitações. No entanto, como o comprovam os números, não é isto que tem sucedido e tal como em muitas outras coisas, em matéria de reabilitação, Portugal está também na cauda da Europa.
Porque o Governo criou os projectos de interesse nacional (PIN), eliminando assim possíveis barreiras que pudessem trazer problemas para a concretização de grandes empreendimentos, os “resorts” turísticos também começam a proliferar em larga escala. Perante isto e com o desprezo pela produção alimentar (o Ministério da Agricultura foi excluído da comissão de avaliação dos PIN), há cada vez menos hectares para cultivar. Assim, a lógica tem sido colocar cada hectare em agricultura intensiva. Contudo acontece o contrário, com a Política Agrícola Comum (PAC) a incentivar cada vez mais a agricultura extensiva e biológica; que como se sabe têm muito menor produtividade; e ainda a obrigar as explorações a não fazerem culturas alimentares em 10% da área de cultivo. Também as restrições à produção agrícola na Reserva Ecológica Nacional e na Rede Natura, que cobre 21% do território, não abonam em favor da agricultura.
É fundamental consciencializar toda a gente e em especial a classe política, de que o solo agrário é um bem que está a rarear mas do qual não podemos prescindir, e que a agricultura é imprescindível para o desenvolvimento de um país. O futuro nos dirá.


Pedro

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