Registos quase magnéticos sobre quase tudo, sem se dizer rigorosamente nada.
Nota: para todos aqueles que não comentem os posts, a tortura é serem obrigados a adquirir o livro "Desconstrutor de Neblinas", de Domingos Lobo, autografado pelo próprio.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

TELEMÓVEL DENTRO DO BOLSO


Todos somos culpados


Nos últimos quinze dias fomos obrigados a ver vezes sem conta (até à exaustão) a gravação, feita por um aluno “em camarote vip”, de uma disputa de telemóvel na sala de aula de uma escola secundária. Ao que parece, até ao aparecimento deste vídeo também ele gravado por telemóvel dentro de uma sala de aula, ninguém se tinha apercebido que a superproteção dos pais em relação aos seus filhos causa problemas de falta de autoridade e de educação nas escolas.

A leviandade com que este assunto tem sido tratado na comunicação social não tem sido um grande exemplo de serenidade, e apesar da indignação, toda a gente se tem entretido com os vídeos que a televisão mostra, filmados por adolescentes em salas de aula, em clara falta de respeito pelas regras.
De mãos na cabeça, os pais de filhos adolescentes reprovam toda aquela cena, descarregando na jovem as frustrações, incompreensões e inseguranças que sentem em relação aos seus descendentes.
Os professores aproveitaram o tempo de antena para enfatizar ainda mais o seu calvário e num excelente exemplo de autoridade, afirmaram ter medo dos seus alunos. Acrescentaram também algumas linhas no seu caderno reivindicativo.
Com este episódio as escolas privadas autopromoveram-se, sem no entanto dizerem que sempre que têm problemas os atiram para o ensino público. Um bom exemplo de honestidade.
Com tantos actos quasi circenses, ainda houve tempo para ficarmos a saber que todos os que consultam o Youtube têm uma opinião tão ou mais válida sobre escola, adolescência e educação, como os psicólogos, sociólogos ou pedagogos de nomeada; excelente exemplo de respeito pelo conhecimento. Ficámos também a saber que já se pode “sacar da net” uma música do género hip-hop com as vozes da professora e da aluna. Também tivemos conhecimento que se vendem t-shirts com a frase “dá-me o telemóvel, já!”. E não será muito difícil descobrir que com tudo isto e muito mais, a autoridade dos professores está em pior estado do que há quinze dias.
Para já continua a “diversão”, todos os dias com novos casos ou com mais desenvolvimentos. É até se cansarem, ou até aparecer outra coisa que deixará de imediato o estado da disciplina nas nossas escolas para segundo plano. Até lá, o 9º C da escola secundária Carolina Michaelis é a turma mais famosa do país. Está em grande!
Pedro

quinta-feira, 3 de abril de 2008

BOLSO DE FORA


Mais quatro anos?


Como é que se pretende que o povo confie na classe política quando os dois principais partidos caminham pelas ruas da amargura, coisa que bem se nota quando ambos entram em debates deprimentes sobre o estado do país? Como é que queremos que o desânimo não se instale, pois quando olhamos para Sócrates e Menezes a sensação que nos fica é que lhes falta dignidade, liderança e história credível?

As pessoas deixaram de ter interesse pela política nacional porque não acreditam que ela possa melhorar as suas vidas. A direita parece desfeita e o seu principal líder é o típico porreiraço, que apenas pretende fazer boa figura junto da opinião pública enaltecendo o mais possível a qualidade da sua liderança. Quanto à esquerda de Sócrates, aparece hoje completamente travestida e sem naturalidade.
As coisas estão longe de ser animadoras, especialmente quando a governação de Sócrates; que parece ter um poder quase nulo sobre a justiça ou o ensino; começa a alargar o seu poder sobre a vida privada de todos nós.
Se o governo de Sócrates tem dificuldades em controlar o Ministério da Justiça, não tem abrolhos para permitir os desvarios da ASAE sobre as nossas tradições e identidades. Se esse mesmo governo não tem muito poder sobre a educação e o estado em que a mesma se encontra, consegue expandir a sua autoridade para proibir as liberdades individuais de cada um.
Este controlo da vida privada dos portugueses contrasta com a falta de controlo dos assuntos públicos, esses sim de extrema importância para o país. No entanto, mesmo com todas estas actuações, José Sócrates acaba por ser o mais beneficiado, pois sabe fazer-se de vítima com muita categoria perante as acusações desorientadas da oposição.
Fica a sensação que neste momento todos trabalhamos a favor da reeleição de José Sócrates por mais quatro anos, seja por acção, omissão, confusão ou indiferença. Parece que tudo se conjuga, tanto à esquerda como à direita, para que o PS continue com maioria absoluta na Assembleia da República. A “máquina de propaganda” do governo está tão bem oleada e tem ramificações tão extensas, que até alguns “opinion makers” não se atrevem a beliscar o líder, tal é o fascínio que nutrem por ele.
Resta então perguntar o que será preciso para que todo o país ganhe consciência? Mais quatro anos?


Pedro