Registos quase magnéticos sobre quase tudo, sem se dizer rigorosamente nada.
Nota: para todos aqueles que não comentem os posts, a tortura é serem obrigados a adquirir o livro "Desconstrutor de Neblinas", de Domingos Lobo, autografado pelo próprio.

sábado, 31 de março de 2007

RAPIDINHA NO BOLSO

Mais abaixo no “Amizade de Bolso”, um terceiro comentário merece, e passe o pleonasmo, ser comentado.

Cara Telma, de facto, e é cada vez mais a sensação que tenho, tirar uma licenciatura é fácil, nem por vezes rápido, mas até certo ponto, possível para os filhos cujos pais tenham bolsas semi-recheadas (até o Engenheiro Sócrates tem uma... o homem sempre é engenheiro não é?). Tirar uma licenciatura é para muitos o culminar da maior “moinice” possível, de bebedeira e paródia, para que, durante os vários anos que por lá habitam a tirar lugar a outros, não estejam a trabalhar, coisa que é bem mais durinha.
O canudo, cara Telma, não é sinónimo de inteligência e em muitos casos (é desta que me prendem), é apenas para cumprir com o desejo dos pais, pois os cursos são como os chapéus, há muitos! Ora, por exemplo um destes novos: Comunicação Cultural. Sim, pois caso não saiba, saem das universidades todos os anos, anjinhos com esta inenarrável licenciatura. Isto serve para quê? É que a cultura, como se sabe, não abunda. A comunicação, no seu sentido mais lato, pertence aos jornalistas e de alguma forma aos autores de vários tipos de obras. Então, que raio de lugar tem um licenciado em Comunicação Cultural na sociedade e no mundo do trabalho? Como é a sua “graça académica”? Alguém que tem uma licenciatura em Jornalismo, é Jornalista. Alguém que tenha uma qualquer licenciatura em Engenharia, como a caríssima, é Engenheiro(a); e por aí fora. Mas quem tem um licenciatura em Comunicação Cultural é o quê? Não sei, talvez devido às minhas limitações. No entanto resta-me dizer; pois esta rapidinha já se está a tornar longa; que cursos destes que não levam ninguém a lado nenhum, são infelizmente cada vez mais e agora qualquer um pode ser Dr. (por extenso tem que tirar o Doutoramento e ter média de 16) num prazo de 3 anos com o escandaloso, na minha humilde visão, Processo de Bolonha...
Tirar uma licenciatura é fácil, basta marrar, decorar e fazer cábulas. Ser inteligente, já não é para todos; digo eu; pois tal como a caríssima bem disse, há que cultivar o intelecto e estudar todos os dias um bocadinho e isso dá trabalho mental; chatice! Pensar custa muito a muita gente e é mais fácil adquirir o que já está pensado por outros para nós. Lutemos contra a incultura que muitos desejam, e o ar por este país ficaria mais respirável.

Bom fim de semana a todos. Voltaremos implacáveis na segunda-feira.

Pedro (o futuro anfitrião de uma noitada cultural e pedagógica)

quinta-feira, 29 de março de 2007

BOLSO RESTANTE


Caro Rui, em duas ou três coisas estamos, também os três de acordo. Primeiro: ninguém desiste do país onde nasceu, mesmo que os marinheiros que foram à descoberta fugissem, sobretudo, da fome e essa deriva não tivesse motivações mais amplas e, quiçá, de difusão da fé ou outras tretas do humanismo ocidental. Era a fome, e pronto! Como os nossos emigrantes que nos anos 50 do século XX partiram a salto para Franças e araganças, o fizeram igualmente acossados pela miséria. Somos, desde o século XV, uma pátria de errâncias, que sempre viveu de costas para o seu rectângulo natal. No entanto, masoquistas que somos, gostamos disto. Quanto mais não seja, para nele morrermos.
Segundo: em relação a Salazar e ao seu património político, recomendamos-lhe a leitura de um livro interessante e incontornável, sobre o personagem – “As máscaras de Salazar” de Fernando Dacosta. Terceiro: estamos de acordo consigo quanto à OTA. A coisa cheira realmente a esturro e parece-nos um pântano em que o país se vai, mais uma vez, deixar afundar. Pergunta-se, que obscuros interesses levarão Sócrates e companhia a defender, mesmo perante alguns estudos que anunciam a catástrofe, com unhas, dentes e o nosso dinheirinho, tal opção. Tal como Sócrates nos escondeu durante todos estes anos as suas aptidões académicas, será que a OTA não fará parte de um processo idêntico de escamoteação e vergonhosa fraude? Se calhar, só depois da obra concluída e dos milhões enterrados no projecto é que ficaremos a saber. Até lá, esperemos que o Sócrates caia, não é preciso ser da cadeira, como o outro, mas só assim o rumo dos aviões pode levar outro corredor aéreo.
Ainda sobre Salazar, recomendamos-lhe a leitura das “cartas ao director”, no jornal Público de hoje, 29 de Março.

post scriptum – sei que a luta de dois para um lhe é considerada injusta, mas não há nada a fazer. Somos um coro!

Um abraço

José e Pedro

quarta-feira, 28 de março de 2007

RESPOSTA DE BOLSO


Eu sou português, aqui...

Caro Rui, sempre que nos zangamos com a pátria que nos viu nascer, temos tendência a exorbitar. De certo que não levou à letra a boutade de querermos ser espanhóis. Como sabe, e está nos textos, limitámo-nos a transcrever uma passagem de um texto de Almada Negreiros, sobre o escritor Júlio Dantas. É evidente, que um país que vota maioritariamente num ditador que nos deixou, face à Europa, com os atrasos estruturais e culturais conhecidos; que ainda hoje são bem visíveis e nos causam engulhos e constrangimentos de variadíssima ordem face aos nossos parceiros comunitários; não nos poderia merecer outra reacção que não a do desejo, mais que natural, da fuga imediata para espaços mais arejados.
A rejeição, como bem o entendeu Eduardo Lourenço, nasce do sentido de justiça que cada cidadão tem em relação ao rumo que a sua pátria exibe. E, no caso concreto do “botas” de Santa Comba, a reacção de rejeição não é só desse modelo autoritário de fazer política, mas de tudo o que ele consubstanciou: o atraso cultural e económico, o obscurantismo e a miséria generalizadas.
Caro Rui, acaso pensou que se não tivéssemos a desdita de dois ditadores a governar-nos durante perto de 50 anos (uma vida, portanto) se ao invés de Salazar/Caetano tivéssemos outro tipo de gente mais limpa e decente a governar-nos, o país hoje seria outro e, assaz, diferente? Para juntar alguns números, que são sempre indicadores importantes nestas coisas, sempre lhe diremos, que até 1950, só metade dos portugueses tinham a quarta classe e que no espaço que habitamos (o Ribatejo), existiam, em todo o distrito de Santarém, apenas três escolas secundárias públicas. E hoje meu caro Rui, existe pelo menos uma em cada concelho. Significativo, não lhe parece?
Para terminar, sempre lhe diremos, que consideramos muito estimulante que nos leia e dessa leitura, nos dê o seu parecer. A conjugação dos contrários, é dialéctica e estimulante para uma sociedade democrática e progressista, como a que se conquistou há 33 anos atrás. Democracia que permitiu, a um ditador que nunca foi a votos, ser eleito “o melhor português”. A história, por vezes, tem destas ironias.

Abraços

Pedro e José

terça-feira, 27 de março de 2007

ESTRUMEIRA DE BOLSO

José Manuel Fernandes, que no tempo do PREC andava pelas extremas (esquerda? direita?) cedo se converteu encostado ao patrão Belmiro, às delícias do capitalismo rapace e ultramontano. Feitios!
JMF é dos que têm faro para a coisa, ou seja, sabe de que lado é que o pão tem a manteiga. E lambuza-se! Ninguém acredita num escriba que, servidor atento e agradecido do patrão Belmiro (ainda se lembram dos editoriais sabujos que este cavalheiro debitou sobre a OPA da PT?) vem incensar o “botas” de Santa Comba Dão?
Isto não pode ser, e não é, verdade. JMF disfarça a sua costela de facho (só a costela?) tal como disfarçava o seu anticomunismo primário, nos tempos em que era um jovem cão de fila do MRPP.
JMF esquece um dado essencial: nós andamos por cá há muito tempo, conhecemos os peralvilhos da sua espécie e sabemos muito bem de que lado o escriba do capital mais rançoso deste país (e não é pelo Belmiro ser o rei dos merceeiros que o ranço aqui se inclui) está!
Incensar Salazar é um disfarce para poder bater à vontade na dignidade que Álvaro Cunhal representa. Método velho e com barbas.
Agora que Álvaro Cunhal foi um dos portugueses mais dignos, corajosos e honestos (pouca coisa, a honestidade, não é JMF?) do século XX português e que tentou com a sua luta, fazer deste país um espaço asseado (sem JMF, naturalmente) uma pátria onde pudéssemos “sentar a honra à mesa”, disso não temos dúvidas!
Mário Soares, então e a CIA e Carlucci, não contam? Ó homem, nós sabemos que o seu herói é o Bush, mas às vezes convém não abusar tanto. Onde é que você andou estes anos todos, em que estrumeira, política e cultural, habita?

(texto relacionado com o editorial de José Manuel Fernandes na edição de 27 de Março de 07 no jornal Público)

José

segunda-feira, 26 de março de 2007

AMIZADE NO BOLSO

No passado Sábado tive um noitada daquelas que não se esquecem e que não é comum existirem. Em casa de amigos e rodeado deles, o bar ficou para segundo plano e as conversas foram surgindo desde as dez da noite até às madrugadoras seis. Tal como as cerejas, falou-se de muita coisa e acima de tudo, discutiu-se de forma sã o sexo dos anjos, visto dos diferentes pontos de vista de cada um, sempre com a garganta bem molhada pelas fresquinhas sagres... quem ficou com o stock nas lonas foi o anfitrião!
Uns do contra, outros a favor, foi especialmente o nível das conversas e o saber comulativo de todos que fez aquele serão parecer tão curto. A cultura do povo anda pelas sarjetas, mas todos os que participaram naquele debate sem hemiciclo, estão a navegar muito ao largo do comum e buçal. Ainda há esperança para este país de merda! (e vou utilizar a palavra merda ainda mais vezes, sem piedade!)
Do muito que se falou, abordou-se o péssimo programa grandes portugueses e tudo estava de acordo que era mau. No Domingo, como de costume, não vi o programa de merda dos portugueses, também para não ver a apresentadora de merda que puseram à frente do programa de merda. Em todo o caso, hoje soube da merda da votação e fiquei com a sensação de merda que o povo que votou naquela figura é também uma merda. Ora o Salazar, que deixou o povo na merda, leva com a maioria para ser um grande português? A RTP também já está armada em televisão de merda? Ao menos que adulterassem a votação e que ganhasse o Sebastião José de Carvalho e Melo. Se eu fosse director de programas da RTP, esfregava a minha cara com merda se deixasse que naquele programa de merda, apresentado por uma apresentadora de merda, o merdas do Salazar fosse o maior português de sempre. O povo é soberano e votou no Salazar, que nunca os deixou votar em merda nenhuma (é tão irónico isto). O merdas do António de Oliveira impediu o povo der ser culto durante quase 50 anos, para que não fizesse frente à merda do regime. A cultura é inimiga do poder, sempre foi! Não temos o Salazar nem o Marcelo, já lá vão 33 anos da Revolução dos Cravos e mesmo assim o povo vota com uma consciência de merda. Grandes Portugueses somos todos, porque ao contrário do ditado, a história também reza dos fracos, pois são eles que pagam os seus impostos para manter de pé este país de merda. É uma vergonha o nível de merda da cultura que existe por este Portugal fora. Valha-nos Deus!
Da jornada dupla de descanso a que chamamos fim de semana, valeu a grande noite de cultura geral e de conversas inteligentes que aconteceu na casa do Rui e da Telma. Para além do esplanado, todos aprendemos muita coisa também. Malta, obrigado! Espero que possamos repetir, pois valeu a pena.


Pedro

CEMITÉRIO DE BOLSO

Isto cheira a mortos

Um ditador fascista, que ao longo dos 48 anos em que desgovernou este país, nunca permitiu que o povo português votasse em eleições livres e dignas desse nome, acaba, por ironia dos condicionalismos históricos que vivemos e pela imposição do marketing televisivo, votado e considerado, com maioria esmagadora, o maior “português”.
Dando de barato que o Portugal das trevas, cinzento e conservador, vivendo ainda no obscurantismo lorpa que o fascismo santacombandense nos impôs durante 5 décadas, se quis mostrar, fazer brilharete, ufano e trauliteiro (já exibiu as garras a favor de um museu – altar do ditador), pela voz tonitruante de Jaime Silva Pinto (sim, sim, o digníssimo esposo da senhora que levou uns bananos numa cena de boxe promovida por uma agremiação de bétinhos chamada CDS – PP) e que esse mostrar-se é toque de finados por ruim defunto e sequazes, não deixa de ser preocupante que das brumas ressurja essa sinistra figura, erigida agora em grande “Português”.
Fernando Pessoa escreveu algures que a LIBERDADE começa no momento em que deixamos de ser “súbditos de nós – mesmos”. Um povo que gosta de ter amos, que tem medo da sua liberdade, de conduzir e delinear o seu próprio destino autónoma e livremente, sem precisar de chefes, patronos, nem salvadores da pátria, que precisa desenterrar das brumas mais ingentes da nossa memória colectiva os seu próprios fantasmas, é um povo sem rumo, sem dignidade, sem futuro. É um povo que merece esta penumbra, esta mediocridade, este pesadelo que se chamou Salazar e que hoje, 33 anos volvidos sobre uma manhã libertadora de Abril, regressa como herói mediático.
Maria Elisa, Jaime Nogueira Pinto, Sócrates, e a TV do Estado, que todos nós pagamos, rejubilam: finalmente conseguiram continuar a tarefa que o ditador nos impôs durante 50 anos – deseducar-nos, obscurecer-nos, torpedear-nos. E essa tristeza vil começa, e eles sabem-no, quando nos deseducam a memória.
Parafraseando Almada Negreiros, sempre te direi Pedro, que se o Salazar é português (e o maior!!!!!!!!!) eu quero ser espanhol ou galego, tanto faz. Fujamos, este lugar mal frequentado tresanda a necrotério!

José

sexta-feira, 23 de março de 2007

PAPEIRA NO BOLSO


Back from the grave

Após mais de 10 dias de interregno em que os mais cépticos já esfregavam as mãos de contentamento pela não actualização do blog, voltámos fresquinhos que nem alfaces, para continuar a infernizar a net com os nossos comentários absolutamente radicais, que rasgam, de fininho, os mais incautos. Para os que já estavam habituados a consultar o “conversas”, saibam que esta falta de comentários se deveu ao facto de eu ter estado com papeira, a doença dos putos... Como o Zé não percebe a ponta de corno de internet, o blog ficou à deriva, dado que o Luís anda fugido, mas tem a PJ atrás dele. E eu em casa com a minha carinha laroca inchada. Mas voltei da pseudo – hibernação e agora o conversas de algibeira vai voltar a bombar, esperemos.
No entanto cumpre informar que: apesar dos comentários sarcásticos e contundentes terem estado afastados deste espaço de registos (quase) magnéticos, eles continuaram a existir em espaços de diálogo próprios aos mesmos... quanto a mim, continuei a também a fazer alguns, mas apenas dentro das 4 paredes de minha casa, não fosse a papeira descer da cara para outro sítio...
Pedro

terça-feira, 13 de março de 2007

DISCO DE BOLSO

Heróis ao Mar

Andam por aí, de novo, redivivos uns pequenos autodenominados Heróis do Mar. Por mim, podem deitar-se a afogar.
Nos anos oitenta do século passado, as pessoas decentes desta pátria à beira mágoa prantada, andavam a tentar que o Cavaco (sim, sim, esse que hoje é presidente, e faz discursos, que nos causam calafrios, a lembrar o Tomás facho) não nos entregasse de mão beijada e a preço de saldo ao capital transnacional (o que, curiosamente, veio agora a acontecer com estes chuchas que nos desgovernam) o grupito reaça Heróis do Mar (um pouco abichanados, convenhamos) vestiam armaduras e desenterravam do bolor salazarento “as armas e os barões assinalados”, para ver se o povão mudava de azimute e ia no engodo de se deixar enrolar à má fila.
Os pequenos (agora já cinquentões serôdios a fingir de betinhos reciclados em formol) atacam de novo. Mal, claro e a cheirar a necrotério que se farta.
Abram as janelas!
Atirem esses heróis ao mar!...

José

sexta-feira, 9 de março de 2007

UBI VERITAS? NO BOLSO?

É algo a que não se pode ficar indiferente. Dois acontecimentos não muito agradáveis, no espaço de uma semana, na pacata Benavente. Ficou estipulado, tipo código de honra, que não se falaria neste Blog de assuntos locais, mas neste caso permito-me abrir uma excepção, tal a delicadeza dos casos.
Tal é o meu espanto quando leio na comunicação nacional e regional que um pseudo-pedófilo atacara na minha terra. Um puto de 19 anos, que já tem idade para ter juízo, tenta molestar uma criança de 5. O que está mal neste quadro absolutamente irreal? Que o jovem já tinha tentado o mesmo com uma menina há um ano atrás, mas que ficou pelas ruas a habitar junto a uma escola primária. Que cirandava por aí ao sabor do vento, sem estudar nem trabalhar. Que existem 7 mulheres para cada homem, mas que nem isso estimula este jovem. Entre talvez outras coisas mais, que desconheço e até me sinto mais confortável assim, chegamos à parte de perguntar de quem é a culpa. O quadro familiar pode ter culpas, mas não se pode julgar o que se desconhece. O jovem sim, pode e deve julgar-se e perceber as perturbações que passam por aquela mente inócua. Para já, está “engavetado” e lá dentro, se outros não o são, este não vai ser nada perdoado no campo de trás. Para já, as nossas crianças estão mais seguras.
Novamente na comunicação social nacional e regional e com honras de televisão, o pseudo-assalto à Escola Primária de Benavente. Homens encarapuçados ameaçam funcionaria com navalha e fogem com cerca de 2000 euros. Entram e saem sem ninguém ver... Hummm... Para os que conhecem a Primária nº 1 é estranho não!? Em todo o caso, foi preciso coragem para fazer um assalto paredes meias com a esquadra da GNR. A culpa da criminalidade aumentar deve-se ao mundo em que vivemos, onde os pobres ficam cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos. “A fome e o frio põem a lebre ao caminho”, e mais não vale a pena dizer. Vamos ver como se deslinda este mistério na Escola.

Passaram assim oito dias em que Benavente andou pelas bocas do país, infelizmente pelas piores razões. Aguardemos que isto melhore.

Pedro

PERISCÓPIO DE BOLSO

Nós, por cá todos mal

Espreitemos a sociedade portuguesa – esta pós-modernice pindérica e de arrabalde coxo - e ficamos atolados de mediocridade até aos gorgomilos.
Dá-nos vontade de fugir para Patagónias inventadas ou para estelares paraísos nos quais as almas andam soltas e têm espaço bastante para não se atropelarem umas às outras na ânsia de chegar primeiro ao sol.
Cá na terra, e neste pântano que já foi jardim à beira-mar (os publicitários do salazarismo eram uns exagerados) mas que o ex-primeiro Guterres rebaptizou com o pragmatismo próprio dos eleitos da opus-dei, vamos de mal a pior:
O lixo dos programas televisivos enche-nos o canto comunitário da sala de montureira infétida;
Os jornais apregoam cada vez mais alto e já sem disfarce os cantos de aves de rapina dos respectivos donos;
Cercam-nos as ruas, as estradas e os gabinetes das repartições com Big-brothers de olho atento ao menor gesto de vida autónoma;
Os poderes submetem-nos à mediania mais abjecta e à dependência agradecida;
O Salazar neste país cinzento e triste, arrisca-se mais uma vez a ser arvorado em melhor português do ânus (se ele é português, eu quiero ser espanhuel - pelo menos sempre ganhava melhor e tinha mais espaço para me peidar à vontade);
E o Sporting chega sempre à Páscoa (terrível período bíblico que nos reduz a meros comparsas cegos e roucos de coro de tragédia grega) a tropeçar pelos últimos classificados no campeonato e a contentar-se com um mísero terceiro lugar.
Assim, compatriotas meus, não dá!
Fechemos a porta e voltemos a descobrir a Índia (há sempre uma índia a descobrir dentro de todos nós) nem que seja a nado.
Aproveitemos o Sol, as gajas (ou gajos, conforme os gostos) e façamo-nos ao mar. Já!!!!!!

José

terça-feira, 6 de março de 2007

HUMOR DE BOLSO

Diz que o «Hora H» é uma espécie de programa de humor, mas na verdade é fraquinho, fraquinho e talvez nunca se consiga assumir no novo panorama humorístico nacional. Apetece perguntar o que é feito do Herman José dos tempos do «Tal Canal», ou mesmo do mais recente «Herman Enciclopédia»? Há quem diga que o tipo de humor é o mesmo, só que a evolução registada neste campo nos tornou adeptos de piadas mais refinadas e cada vez menos primárias. Na verdade é um sacrifício nostálgico conseguir ver um programa inteiro e a ideia que dá, é que os “sketches” são feitos às três pancadas e sem qualquer preparação. O ainda maior humorista português, apesar de não necessitar, devia fazer por continuar a merecer este estatuto.

post scriptum - Não têm saudades dos tempos em que o Herman era o Herman, sem cabelo loiro e com algum pudor em se assumir como panasco?

Pedro

segunda-feira, 5 de março de 2007

BOLSO À DIREITA

A COMUNICAÇÃO SOCIAL TEM DONO

A Censura foi, aparentemente abolida, enquanto instituição vigiada e tutelada pelo Estado, após Abril de 1974. Um formalismo, como outros que se lhe seguiram: Liberdade, a Democracia, o Parlamentarismo, etc.
Cedo o Capital, com os diversos governos a servirem-no na peugada estratégica, entenderam que para os seus lautos interesses (e aqui o adjectivo lauto deve ser entendido nas suas vertentes mais amplas) necessário se tornava apossarem-se dos média que o poder, sempre cúmplice da ganância capitalista, punha ao seu dispor.
Cavaco Silva, esse arauto impoluto do liberalismo mais serôdio, escancarou o baú e entregou à gula do capital 2 canais de televisão 2, uma enormidade de espaço hertziano e alguns jornais.
O velho jornalismo, o que se fazia em defesa de ideais e de valores, ia sendo paulatinamente relegado para o sótão dos trastes inúteis, arrumadinhos nas redacções no mais soturno dos cantos, nos arquivos, ou pendurados na prateleira junto às embalagens de naftalina, à espera da reforma ou da morte (e esta última vinha mais a carácter) porque para além da poupança óbvia, sempre impedia esses jurássicos de algum atrevimento menos conforme com os novos desígnios. Entretanto, as diversas universidades abrem cursos de jornalismo a torto e a direito(a) (oh Deuses, como polulam, como venenosos cogumelos, os cursos de jornalismo em tudo o que é privada – tanto nas que apenas servem para lavagem de várias coisas, cérebros inclusive, até as que visam o lucro rápido e com o apoio dessa estranha coisa a que se chamou projecto de Bolonha).
Neste espaço armadilhado, o jornalismo crítico e independente deixou de ter lugar. Prova disso vem no jornal público de 02 de Março, na coluna “sobe e desce”, na qual o escriba de serviço (M.C.) faz apreciação crítica de posições tomadas por Fernando Rosas em relação à Opa que pôs em confronto os interesses de Belmiro de Azevedo (dono do jornal Público) e a Portugal Telecom. Fernando Rosas limitava-se, em artigo de opinião, a defender os interesses mais amplos de todos nós e a rejeitar, naturalmente, o chico-espertismo do grande capital. Tanto bastou para que o escriba usasse contra Rosas toda a artilharia pesada, chamando-lhe “defensor da economia planificada da URSS” e, até, “estalinista”. Logo o Rosas, coitado, que nem sequer trostkista é. Vale tudo para defender o tacho!
Ainda sobre a OPA e os mecanismos de informação “independente” do nossos média de referência, analisem a primeira página do Público de 3 de Março, após a derrota da estratégia de Belmiro e Cia – um mimo!
Liberdade de imprensa, em Portugal? Bah!

José

COMENTÁRIO NO BOLSO

É com relativa satisfação que me regozijo com o primeiro comentário deixado no Conversas de Algibeira. Passado um mês, este deixou de ser um espaço amorfo e passou a ser mais apático (estamos a melhorar). Curioso foi que o primeiro e único comentário deixado até agora fora do bolso, surgiu num tema com título sexual, mas cujo conteúdo não coloca a tenda de pé.
Em todo o caso e fora de brincadeira, obrigado pela força Clarisse. Continuaremos a escrever, o Zé nem por isso, o Luís só quando a palha arrefece; mas pl’o menos eu tentarei não deixar este blog cair em esquecimento.
Agora para os curiosos que estão aí a querer saber quem é a Clarisse... é uma amiga a quem há muito muito tempo, roubei um beijo (na face claro!) no cimo a Torre Eiffel... Paris, ah Paris!...
Ficaram mais elucidados?

Pedro